Continuamos enfrentando problemas criados internamente, mesmo com a pujança dos mercados globais de ações – nos EUA e Europa (S&P e EuroStoxx 50 sobem 19% no ano, enquanto o Ibovespa sobe 1,8%). É certo que a China pouco tem contribuído para a performance do índice, tanto pela incerteza em relação ao crescimento econômico quanto pela truculenta regulamentação das empresas de tecnologia, que derrubou cotações nas últimas semanas.
A variante Delta do Covid-19, que vinha atrapalhando o mercado europeu, aparentemente saiu dos preços, com o avanço da vacinação e a baixa taxa de hospitalizações. Aqui no Brasil o ritmo da vacinação segue bastante forte, já com a perspectiva de concluir a vacinação dos adultos (18+) em primeira dose já no final de agosto. A Covid não deverá portanto ser um problema para os mercados daqui por diante.
A inversão do fluxo de investidores estrangeiros pesou bastante no mercado doméstico desde o início de julho. Acumulamos fluxo positivo de US$ 41 bilhões até dia 12/08, considerando aí a saída de US$ 8 bilhões em julho e entradas de cerca de US$ 1,5 bilhão neste início de mês. A questão fiscal tem atrapalhado bastante, as reformas não andam e Brasília é uma fábrica de crises políticas. Soma-se a isso o crescente risco de uma crise hídrica, com efeitos sobre a geração de energia elétrica e o abastecimento de água – já há rodízio em algumas regiões. Estes fatores tem pesado bastante, além da fraca performance das bolsas dos demais países emergentes.
Entretanto, vemos o copo meio cheio. Ainda não está refletida nos preços das ações a melhoria que veremos por conta da reabertura da economia, ainda que as empresas venham apresentando resultados robustos referentes ao 2T21 – algumas com crescimento relevante sobre o 2T19. As maiores beneficiárias são aquelas ligadas ao consumo de bens e serviços, sejam empresas ligadas ao vestuário como Lojas Renner, Grupo Soma, sejam aquelas ligadas aos serviços, como CVC e Azul. Os bancos também são atrativos neste ponto, pois terão crescimento de carteira de crédito com inadimplência mais baixa. Temos evitado empresas ligadas ao consumo de baixa renda pelos altos índices de inflação – que reduz a renda disponível – e de desemprego. Toda essa história, como sempre, depende – e muito – do que acontece no exterior. Mantemo-nos atentos ao tapering nos EUA, ao ritmo de recuperação da Europa e à desaceleração da economia chinesa.
Nosso portfolio teve como destaque o varejo (Soma e Hering), mas CVC e as empresas de commodities (CSN e JBS) foram os destaques negativos. Na primeira quinzena de agosto a cota caiu 2,6%, acumulando alta de 0,5% no ano. Estamos comprados em 99,6% do PL e com exposição bruta de 148%.