O fluxo de investidores estrangeiros para a Bovespa, após um primeiro trimestre fortíssimo, foi levemente negativo na primeira quinzena deste mês. O Ibovespa subiu mais de 30% em dólares no primeiro trimestre e as commodities parecem ter perdido um pouco da força que fez o índice local avançar. A própria valorização do Real faz com que as empresas de commodities tenham que lidar com rentabilidade mais baixa olhando mais à frente; a desaceleração da China, agravada agora pelo avanço nos casos de Covid também pressiona os mercados de commodities, e consequentemente sua atratividade no mercado brasileiro. O petróleo parece ser atualmente a commodity menos afetada pela desaceleração da China, com riscos de alta em função da continuidade da guerra na Ucrânia e o risco de desabastecimento.
O maior risco para os mercados hoje é a taxa de juros nos EUA, e a dúvida de que nível de juro é necessário para controlar a inflação, que tem se mostrado elevadíssima. Juros muito altos poderão causar recessão, o que seria um desastre para os mercados; provavelmente não veremos isso em 2022.
Nós reduzimos sensivelmente a alocação em ações de empresas de commodities, tendo hoje uma posição de 12% em companhias de petróleo, com hedge em outras empresas de commodities. Nossa opinião é que muito já foi para o preço das ações, que já não negociam tão baratas com preços de suas respectivas commodities mais normalizados (projetando preços mais altos do que no passado, mas menores do que os atualmente praticados).
Ainda que tenhamos dúvidas sobre o comportamento da inflação, apesar de acharmos que está próxima ao pico, já montamos parte da carteira em setores domésticos, como varejo (alimentar e de vestuário), locação de veículos, incorporadoras de imóveis e shoppings. Parte responderá à queda da inflação mais à frente, estimuladas pelas recomposições salariais que alavancarão o consumo. A outra parte, mas ligada à queda do juro longo, é composta das empresas que têm dívidas (tanto pré quanto ligadas ao CDI), e tem fluxo de caixa mais estável e de longo prazo.
Fizemos uma proteção para nossa carteira com a compra de put spread e venda de call spread de Ibovespa (delta de 30% e notional de 70% do PL), o que nos dá mais mobilidade na oscilação da posição comprada do fundo. Temos 35% da carteira em ações de varejo (atacarejo e vestuário high-end), 14% em locadoras, 13% em incorporadoras, 11% em shoppings e 9% em empresas de commodities, além de 6% em utilities.
A exposição líquida do fundo é da ordem de 88%, com 125% de exposição bruta. Na primeira quinzena do mês nossa cota caiu 2,3%.