Carro por Assinatura e seu potencial


Nos últimos meses, tem sido cada vez mais frequente escutarmos de algum conhecido que “fechou a assinatura de um carro”, seja com uma locadora, seguradora ou mesmo uma montadora. Este produto, o carro por assinatura, é a nova “roupagem” do arrendamento operacional (leasing), já bem conhecido das empresas no Brasil e que vem ganhando adeptos também entre pessoas físicas (PFs), devido à sua grande conveniência e vantagem de preço em alguns casos.

Simplificadamente, o arrendatário tem a possibilidade de usufruir do carro pelo prazo do contrato (normalmente de 12-60 meses), mediante pagamentos mensais. Nesta mensalidade estão inclusos impostos, manutenção e seguro (e eventualmente alguns outros mimos). Ao término do contrato, o cliente devolve o carro para o arrendador (ou pode comprá-lo por um preço pré-definido, caso o contrato tenha opção de compra).

Crescimento no Brasil e no Mundo

O mercado de arrendamento operacional de veículos, inclusive para PFs, já é bem desenvolvido fora do Brasil e segue em crescimento acelerado. Em muitos países da Europa, mais de 30% das vendas de veículos a PFs são realizadas por leasing (inclusive na Polônia, um país emergente). Nos EUA, cerca de 30% das vendas é por leasing. Já no Brasil, algumas estimativas preliminares sugerem enorme potencial, algo entre 1 a 2 milhões de veículos ao longo dos próximos 5 a 10 anos, e sem recorrer a hipóteses otimistas. Basta lembrar que, dos 1,2 milhão de veículos novos financiados por ano, cerca de 60% é vendido em até 4 anos, e que a frota atual em leasing para PFs é menor que 100 mil carros (menos que 1% da frota).

O momento é bastante favorável para a adoção do produto no Brasil

Conheça os 3 principais motivos que podem acelerar esta modalidade, envolvendo fatores econômicos, comportamentais e do momento atual da indústria automotiva:

  1. os juros ainda estão em patamar historicamente baixo, amenizando o impacto nas mensalidades;
  2. a popularização de serviços que tem impulsionado a cultura do compartilhamento em detrimento da posse (p.e., Uber, Airbnb e cloud computing), ajudando a desconstruir a percepção errada de que carro é investimento e acelerando a cultura do “carro como serviço”;
  3. excesso de capacidade produtiva da indústria automotiva no Brasil, que acaba gerando grandes descontos para volumes elevados de compra, e torna o “carro por assinatura” substancialmente mais barato do que a posse nos casos em que a venda ocorre em prazos menores do que 3 a 4 anos.

Com esse cenário promissor, é de se esperar que a disputa por estes clientes seja feroz. Fora do Brasil, os bancos e empresas de frotas destes grupos já tem forte presença em leasing, e nos últimos anos, as montadoras vem tentando avançar no segmento. No Brasil, já se identificam três perfis atacando esse mercado: locadoras, montadoras e seguradoras.

Destas, acreditamos que as grandes locadoras estão melhor posicionadas para absorver a demanda pois:

  1. possuem grande capilaridade de distribuição advinda das lojas de aluguel de carros (majoritariamente próprias, diferentemente da rede de concessionários das montadoras), o que também ajuda a oferecer “outros mimos” no plano de assinatura do carro, que representam mais alavancas para a venda (por exemplo, carro reserva, carro adicional, etc);
  2. possuem ampla experiência em interações com o cliente, especialmente por meio digital, análise de crédito varejo e também em resolver burocracias, por exemplo as relacionadas a gestão de multas;
  3. devido à enorme escala (gerem frotas de centenas de milhares de veículos), incorrem em menores custos de manutenção para os carros e compram carros em condições de desconto muito melhores que as do mercado;
  4. são os melhores em controlar o valor residual dos veículos e, devido à grande escala, também exercem grande influência na formação do preço dos seminovos, o que permite oferecer um produto com ótimo preço para contratos de até 3 a 4 anos;
  5. tem um custo de captação baixo e amplo acesso à funding no mercado de capitais.

Resumindo…

Há uma mudança importante na maneira como as pessoas consomem os veículos no Brasil (estão deixando de ser bens e passando a ser serviços).

Se você quer participar desta oportunidade como investidor, considere investir nas locadoras, pois achamos que estão mais bem posicionadas para oferecer estes serviços. 

As informações contidas nesse material são de caráter meramente informativo e não caracterizam e nem devem ser entendidos como recomendação de investimento, análise de valor mobiliário, participação em estratégias, oferta ou esforço de venda ou distribuição de cotas dos fundos de investimento nem material promocional.
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