O mercado continuou em fevereiro sendo preponderantemente de fluxo, com os ativos de maior liquidez tendo as melhores performance, e com forte rotação de growth para value. Interessante que nesta primeira quinzena de fevereiro outras empresas acabaram performando bem, mas com grande dispersão intrassetorial. Os investidores estrangeiros tiveram fluxo positivo de R$ 14,9 bilhões em fevereiro (+R$ 47,4 bilhões em 2022), os locais foram negativos em R$ 12,8 bi (-R$ 41,2 bi no ano) e o varejo -R$ 3,2 bi (-R$ 9,9 bi em 2022). Em grandes números, o local vendeu e o estrangeiro comprou. Quais os motivos? O mercado doméstico tinha caído cerca de 37% no segundo semestre de 2021, em dólares (o dólar subiu 15% no período), o que era um momento interessante para comprar a bolsa brasileira barata em dólares. Ajudou também o fato da bolsa brasileira ser bastante exposta a temas de “value”, como commodities e bancos, além da crise Rússia-Ucrânia fazer com que o Brasil se tornasse o país emergente – produtor de commodities – mais “investível”.
Considerando que as commodities são um bom hedge para a inflação global, imaginamos que ainda há fôlego para novas altas nas ações do setor, em especial naquelas mais ligadas à China, que entra agora numa fase de easing financeiro, exatamente o oposto do que vem acontecendo nos EUA. O mercado já precifica algumas altas de juros nos EUA, mas que podem ser insuficientes para reduzir a inflação, o que traz riscos de altas adicionais e não esperadas nos juros.
Já no cenário doméstico, temos uma redução de risco pelas demonstrações do ex-presidente Lula de que caminha para o centro, e começamos a ver atratividade em alguns ativos do mercado local, já que nos aproximamos do pico da taxa de juros. Setores como atacarejo e selecionadas empresas do varejo high-end já começam a se recuperar – algumas foram também afetadas pelas pesadas vendas de fundos locais que sofreram com os grandes resgates da indústria.
Fizemos algumas mudanças na carteira, em especial reduzindo commodities e comprando algumas posições que tinham tido quedas exageradas, ligadas ao mercado doméstico mas com grande resiliência em termos de geração de caixa. Recompramos parte do índice futuro utilizado para proteger a carteira e vendemos parte da posição de bancos. Setorialmente temos hoje 38% em ações ligadas a commodities, 21% no varejo (alimentar e discricionário high-end), 7% em saúde e 6% em bancos (viemos vendendo ao longo do mês), além de 6% em locadoras de veículos (posições long short e direcionais). O fundo subiu 0,7% na primeira quinzena do mês, com o resultado vindo basicamente de commodities; ganhos em bancos e saúde compensaram perdas no varejo e na posição vendida no índice (hedge).
A exposição líquida do fundo é da ordem de 85% do PL, com viés de redução após as recentes altas do índice, impulsionado somente pelo forte fluxo de estrangeiros.