Carta Mensal – Janeiro 2022


Após cair 32,5% em dólares (22% em R$) desde o pico do mercado no final de junho/21, o Ibovespa avançou 18,8% (em dólares) em janeiro, recuperando pouco menos de 40% da grande queda. Isso foi resultado do fluxo de R$ 32,5 bilhões de estrangeiros para a Bovespa, enquanto os investidores institucionais domésticos tiveram vendas líquidas da ordem de R$ 27 bilhões. As compras foram basicamente nos papéis mais líquidos do Ibovespa, em especial nas ações ligadas às commodities, nos bancos e na B3 – Petrobras, B3, Itau, Bradesco e Vale foram, em conjunto, responsáveis por 72% da alta do Ibovespa em janeiro.

Consideramos que há dois riscos principais para o mercado atualmente: o primeiro é externo, com o esperado aumento nas taxas de juros nos EUA, onde a inflação está elevada e ainda há estímulos fiscais e monetários. A política monetária mais restritiva (aumento de juros) nos EUA poderá trazer mais volatilidade ao mercado doméstico, ainda que seja positiva no longo prazo, desde que não haja elevações acima das expectativas. O segundo é o panorama eleitoral, no qual despontam dois candidatos que não são o sonho do mercado, e que também não tem propostas de reformas que realmente levem o país a mudar de patamar. Nossa opinião é que haverá um melhor ponto de compra para ativos domésticos provavelmente entre o segundo e terceiro trimestres deste ano, quando deveremos ver valuations realmente atrativos e com enorme potencial de valorização. Tais ativos não acompanharam a valorização do mercado, seja por serem menos líquidos, seja por ainda terem sido alvo de vendas de fundos locais para a liquidação de resgates programados. Acreditamos que, assim que endereçadas as questões relativas ao FED, teremos essas oportunidades em especial nas ações de duration mais longa (fluxo de caixa bem mais à frente), que responderão com maior força à provavel queda dos juros longos no Brasil.

Iniciamos o ano com o fundo mais leve, com exposição líquida de cerca de 85% do PL, e bruta da ordem de 140%. A alocação doméstica do fundo continuou em patamares baixos, representando 20% quando somados varejo discricionário, locadoras de veículos e shoppings. Outros 10% estão alocados em setores domésticos mais defensivos, como atacarejos e setor de saúde. A maior parte da carteira continua alocada em commodities (45% do PL), em especial petróleo, mineração e papel e celulose – em janeiro tínhamos posição relevante em frigoríficos, mas vendemos boa parte até o final do mês.

Nossa cota ficou praticamente estável em janeiro (-0,3%), com ganhos em commodities (+2,9 pontos) e bancos (+1,3%), e as perdas no varejo (-1,6%) e tecnologia (-0,7%).

Obrigado pela confiança.