Ainda que melhor que nos últimos dois meses, os mercados continuaram refletindo o aumento nos riscos fiscais relacionados aos precatórios e Bolsa Família, e o consequente efeito no teto de gastos. Desde o início de junho, o Ibovespa caiu 20% em relação ao S&P (moedas locais), evidenciando problemas domésticos e o efeito China nas ações brasileiras. O mercado local teve performance parecida com o MSCI China, este com forte participação das empresas tech em sua composição (Tencent, Alibaba, Meituan, JD), que sofreram com intervenções do governo chinês no período.
Houve uma boa recuperação das empresas nestes últimos meses, quando aconteceu a intensificação da vacinação, entretanto os ruídos políticos e fiscais não ajudam, já que temos uma janela limitada para uma boa performance dos mercados. Os riscos de racionamento de energia elétrica por ora parecem mais distantes (ao contrário do mês passado), conforme os dados aos quais temos acesso. As chuvas das últimas semanas ajudaram bastante, e o despacho de energia térmica tem ajudado a “estocar energia” nos reservatórios das hidrelétricas.
Tivemos uma boa performance dos varejistas até o último dia 15, com destaque para Arezzo e Assaí em nossa carteira. As locadoras de veículos e máquinas também foram bem, seguidas pelos bancos, com destaque para o Itaú. Nas alocações em commodites, destacaram-se as produtoras de petróleo, tendo a siderurgia performado mal. As perdas da carteira se concentraram nos temas de consumo, em especial CVC. Acreditamos que, ainda que tenhamos as melhores decisões do lado fiscal, o mercado se acalmará a partir da votação dos temas citados acima, e os fundamentos das companhias voltarão a prevalecer, mesmo com o carrego sofrido e custoso.
Do lado do fluxo, vimos os estrangeiros como destaque positivo, tendo alocado mais de R$ 9 bilhões na Bovespa na primeira metade de outubro. Continuamos positivos com o mercado, entendendo que o teto de retornos baixou, mas ainda podemos continuar neste nível de risco. A transição para posições mais defensivas será num momento à frente, quando o risco político deverá se sobrepor à já tímida agenda do governo.
Nossa cota subiu 1,2% na primeira quinzena deste mês, acumulando queda de 7,2% no ano. Estamos comprados em 99,5% do PL e com exposição bruta de 170%.