Quick Note – Março 2022


Na primeira quinzena de março o fluxo de investidores estrangeiros foi sensivelmente reduzido, como consequência da rápida aceleração no preço das commodities (e nos ativos ligados às commodities), puxada pelo petróleo, minério de ferro, níquel e alumínio – entre as empresas listadas no Brasil. O petróleo, cotado a US$ 95 no fim de fevereiro, bateu US$ 130 entre os dias 7 e 8/março e fechou a quinzena nos mesmos US$ 95. Bom para as empresas privadas que exploram petróleo – Petro Rio e 3R Petroleum – mas incerto – e com viés de baixa – para a Petrobras. Depois de meses de defasagem, a companhia subiu os preços entre 16% e 25% na refinaria, o que seria entre 8% e 10% na bomba, e foi imediatamente torpedeada pelos populistas de plantão. Afinal, “se o petróleo é produzido aqui no Brasil, por que praticar os preços do estrangeiro?” ou “a Petrobras tem que exercer sua função social”.

Ora, se o governo e demais políticos imaginam que tem que ser assim, a solução seria fechar o capital da Petrobras ou usar dinheiro do contribuinte – dividendos da Petrobras aos quais o governo tem direito – para subsidiar aqueles que consomem combustível. Enfim, a mesma novela de sempre, e com um final que não será feliz, dadas as declarações de alguns dos candidatos à presidência.

Vimos as ações de empresas de commodities devolverem boa parte dos ganhos do mês no final da quinzena, com o possível – mas ainda incerto – arrefecimento do conflito na Ucrânia. Estamos mais construtivos com aquelas ligadas à China, e também com as empresas de proteínas que nos parecem boas oportunidades de investimento.

O petróleo está com volatilidade elevadíssima, mas com os baixos investimentos dos últimos anos e com a lenta eletrificação da frota de veículos, deverá continuar com preços altos, provavelmente acima de US$ 80/barril.

Fizemos uma proteção para nossa carteira com a compra de put spread e venda de calls de Ibovespa (delta de 30% e notional de 70% do PL), o que nos dá mais mobilidade na oscilação da posição comprada do fundo. Temos 25% da carteira em ações de commodities (mineradoras e frigoríficos), 22% em bancos – preponderantemente Itaú e Bradesco, posições de trading –, 18% em varejistas (vestuário high-end e atacarejo), 12% em saúde e outros 12% em locadoras e empresas de consumo, além de 4% em utilities. Acreditamos que nosso portfolio seja defensivo o suficiente caso o FED acelere a alta do juro para 0,5% na próxima reunião e indique que iniciará o QT (quantitative tightening), ou a venda de títulos para o mercado para a reunião seguinte. Os strikes da nossa estrutura de proteção nos dão conforto para isso.

A exposição líquida do fundo é da ordem de 90%, com 123% de exposição bruta. Na primeira quinzena do mês nossa cota caiu 5,0%.