Pandemia: Para onde vamos?


Não há como analisar o ano de 2020, seja no Brasil, seja no exterior, sem observar detidamente a evolução da pandemia de coronavírus. Para o que já passamos de 2021 e o que ainda haverá pela frente, não será diferente. A partir do começo de novembro do ano passado (melhor momento da epidemia no Brasil), por causa das festividades, feriados e novas variantes, cada região brasileira experimentou a seu tempo aumentos de casos, óbitos e hospitalizações em níveis muito superiores ao que tínhamos vivido anteriormente. Como sabemos, o estresse hospitalar foi severo, com recordes de ocupação de UTIs e de casos e óbitos por dia.

A questão que fica é: e agora? Para onde vamos? 

A despeito de estarmos com uma economia bastante abalada pela covid, o cenário é construtivo e isso se apoia em dois pilares:

  1. há sinais claros de melhoria na gravidade da epidemia e
  2. a vacinação em curso no Brasil mitigará o efeito de eventuais futuras ondas.

Como a epidemia no Brasil recrudesceu em cada estado em momentos diferentes, ilustrarei o ponto da melhoria com o estado de São Paulo, um dos últimos dos maiores estados a ser gravemente afetado pela segunda onda de covid. É bastante claro pelo nível do número de leitos ocupados que a situação ainda não está confortável, mas a tendência de queda da ocupação é bastante positiva (o que tem embasado as reaberturas graduais do estado). Além disso, temos visto o mesmo padrão de outros estados como RS e AM: a queda em enfermarias é mais pronunciada e ocorre antes do que em leitos de UTI. Mesmo com reaberturas graduais, a normalização da ocupação nestes outros estados continuou. Isso nos deixa confiantes de que, no curto prazo, haverá melhora geral da pandemia.

Obviamente, apenas isso não nos deixaria tão construtivos para prazos um pouco maiores, mas aqui entra a vacinação dos grupos prioritários, posteriormente ampliada para o resto da população.

Nosso processo de vacinação apresentou problemas graves fruto da incompetência na gestão da pandemia e da escassez global de vacinas. Mas, ainda assim, alguns pontos jogam a nosso favor:

  1. a característica epidemiológica da Covid-19 que, mesmo nas variantes novas, afeta mais a população idosa (em 2021, já sob a predominância da P1 em vários estados, o grupo acima de 60 anos representa 51% das internações e 70% dos óbitos);
  2. somos ainda uma população jovem e, mesmo com dificuldades, devemos vacinar a população acima de 60 anos, em 1ª dose, até o início de maio;
  3. a aceleração recente na produção da Fiocruz ,que só começou sua entrega em escala de vacinas em meados de abril, com 5 milhões de doses semanais; até então mais de 80% da disponibilidade de vacinas veio do Butantan. Os números podem variar pelos atrasos eventuais na importação de insumos, mas, juntos, Butantan e Fiocruz podem produzir mais de 30 milhões de vacinas/mês nos próximos meses.  

Ainda que os números pareçam frustrantes perante a necessidade de vacinas, o aumento recente na escala de produção de vacinas no Brasil e a concentração de casos em grupos demograficamente menores vai permitir avanços importantes nos próximos 3 meses. Os idosos terão sido vacinados em duas doses e boa parte dos grupos de comorbidade terão recebido pelo menos uma dose neste período, o que será decisivo para aliviar as pressões sobre o sistema de saúde.  

São cruciais a continuidade do arrefecimento da pandemia e a manutenção da oferta de vacinas para continuarmos com as reaberturas dos estados (que já se revelam em diversos indicadores de isolamento/mobilidade) e, por conseguinte, com a recuperação da economia. Com a consolidação de nosso cenário, veremos nas próximas semanas um reflexo positivo nos preços dos ativos e, mais à frente, nas métricas de atividade econômica relativas a abril e maio.

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