PIB: seguimos com 5.7% para 2021


O PIB do 2º Trimestre com queda 0,1% saiu um pouco abaixo do crescimento de 0,2% que nós e o mercado esperávamos, mas acreditamos que a recuperação econômica para este ano segue forte. Tomando com base nossos modelos internos, as boas performances do mercado de crédito e do mercado de trabalho e as defasagens da política monetária, além das nossas interações com as empresas, o que vemos é que a economia brasileira segue recuperando e deve atingir um crescimento de 5.7% em 2021.

Parte dessa perspectiva positiva se deve ao patamar que já atingimos: combinando os crescimentos de 2020 e principalmente o do Q1 de 2021 com a queda do Q2, já temos um carry de 4.9%. Nosso Nowcast com estimativas até julho para o crescimento mensal da economia já indicam um carry ainda mais elevado, de 5.3% para 2021.  Ou seja, para que tenhamos números abaixo desse patamar no ano, a atividade dos meses seguintes teria que cair. Com a reabertura crescente das atividades, a melhora no mercado de trabalho e com o crédito ainda subindo, isso não nos parece provável.

É muito interessante que, mesmo havendo novas quarentenas no Q2 de 2021, o setor de Serviços tenha mostrado resiliência e adaptação à nova realidade, conseguindo manter sua taxa de crescimento do Q1.[1] Essa manutenção do crescimento de serviços reforça uma visão positiva para a volta do mercado de trabalho a níveis maiores de ocupação e futuramente de consumo. O bom avanço das campanhas de vacinação nos faz entender que essa diagnosticada recuperação de serviços continuará ao longo deste Q3 e no Q4, permitindo que se feche mais o gap de 2.2% que serviços ainda tem com o período pré-pandemia.

Na Indústria, o desempenho deve ser relativamente mais baixo ao longo do ano pela substituição de bens por serviços com a reabertura. Parte da queda neste Q2 foi provavelmente resultado dos gargalos na produção em vários setores, então há um componente transitório na queda.

Por fim, o PIB Agrícola realmente deve ser mais baixo pelas condições climáticas difíceis deste ano. Esta é a principal razão para revisarmos um pouco para baixo o PIB de 2021, mas se trata de uma oscilação que diz pouco sobre a recuperação da demanda.

Saindo da perspectiva da oferta e olhando para os componentes da demanda, a maior frustração com crescimento veio do Consumo das Famílias, que andou de lado. Felizmente, cremos também que este seja o componente com mais motivos para melhorar no curto prazo. Além da intensa geração de empregos que vemos na PNAD e no Novo CAGED, temos também o mercado de crédito que segue crescendo. A baixa inadimplência das famílias indica que seus balanços estão leves e nossas estimativas para a poupança privada indicam que novamente as famílias pouparam uma alta fração do PIB do Q2, permitindo que elas tenham folga para aumentar seu consumo. Do lado das empresas e até que 2021 termine, não vemos motivo para a oferta de vagas ser gravemente impactada, já que a política monetária contracionista que chegará ao final do ano opera com grande defasagem e as contratações são, basicamente, devido a normalização das atividades, especialmente no setor de serviços.

Com este cenário em mente, acreditamos que apesar de um número um pouco mais baixo, a mensagem sobre o crescimento da economia segue positiva. Não é à toa que os mais recentes indicadores de confiança empresarial e dos consumidores seguem positivos. É verdade que o cenário em 2022 será bastante desafiador, mas isso é porque será neste momento que veremos reversões de fatores positivos que levantamos aqui. Por ora, ainda estamos num momento positivo do ciclo econômico e devemos esperar bom crescimento até dezembro.


[1] No Q2 de 2020, em contraste, houve uma queda de 8.7%.

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